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AGRICULTORES/AS DE JUAZEIRO PARTICIPAM DE OFICINA E INTERCÂMBIO SOBRE COMERCIALIZAÇÃO

ater-agroecologia-27-03-23

Discutir estratégias de comercialização, detectar o potencial produtivo das comunidades e identificar possíveis mercados. Esses foram alguns dos objetivos da oficina sobre comercialização realizada com famílias assessoradas pelo projeto Ater Agroecologia, nas comunidades Juá, Saquinho, Tanque, Caiçara, Lagoa do Jacaré e Papagaio, em Juazeiro. As atividades aconteceram entre os dias 22 e 24 deste mês.

Durante os três dias de formação, uma média de 30 pessoas, na maioria mulheres, participaram das discussões em torno da comercialização, tema escolhido pelas famílias assessoradas durante o planejamento comunitário realizado junto ao Projeto. “Identificaram que para eles, naquele momento, era uma dificuldade a questão da comercialização dos produtos excedentes. Então, eles propuseram a gente tá realizando atividades com este tema”, conta a colaboradora do Irpaa, Daiane Dantas.

Assim, para suprir as demandas desses/as agricultores/as, foi abordado de forma dinâmica e prática assuntos como: produção e custo, plano estratégico, segmentação de mercado, canais de comercialização, perfil do consumidor, comunicação visual dos produtos e exigências sanitárias no processo de produção para comercialização. Além disso, eles/as participaram  de um intercâmbio para conhecer experiências exitosas da agricultura familiar, atividade essencial para promover a troca de saberes e evidenciar as viabilidades do Semiárido.

O primeiro local visitado foi a Unidade de Beneficiamento de Frutas Aroma da Caatinga das comunidades Curral Novo e Jacaré, distrito de Massaroca, em Juazeiro.  A gestão da Unidade, que foi inaugurada em 2012, é feita pela Cooperativa Agropecuária Familiar de Massaroca e Região (Coofama). Até chegar à comercialização de doce, geleia e licor, a partir do beneficiamento do umbu, maracujá do mato e tamarindo, muitas tentativas de produção foram feitas, além de intercâmbios para conhecer outras experiências de beneficiamento.

Após o acerto na produção, a Unidade enfrentou o desafio da comercialização. A agricultora Clarisse Evangelista, da comunidade Curral Novo em Juazeiro e integrante da Unidade de Beneficiamento, destaca que a venda dos produtos beneficiados na própria comunidade é difícil, já que todos/as têm acesso às frutas da Caatinga. Entretanto, tem uma boa comercialização em municípios como Feira de Santana e Salvador, onde a produção é bem valorizada.

A maior parte das frutas beneficiadas são adquiridas nas comunidades próximas, contribuindo com a renda das famílias agricultoras. Com a produção de doces, geleias e licores, foi possível para a agricultora Clarisse aumentar a sua renda familiar e conquistar alguns sonhos, como lembra: “Minha vida mudou muito, mudou para melhor. (…) Já comprei três motos, eu não tinha nenhuma, entrei com uma bicicleta”.

Além de aumentar a renda familiar, a comercialização desses produtos beneficiados possibilitou uma nova vida para as mulheres envolvidas no processo, como conta entusiasmada a agricultora Marineide Dias, também integrante da Unidade de Beneficiamento “A gente também ‘pegou’ mais conhecimento. A gente vivia só aqui trancada dentro de casa, sem sair pra lugar nenhum. Agora, a gente sai, vai vender nossos doces, é um divertimento! E além de ser divertimento, tem uma renda”.

Bem sucedida, essa experiência de beneficiamento de frutas da Caatinga recebe muitas visitas de pessoas da região, de outros estados do país e até internacionais. “A gente sente mais valorizado, está vendo que nosso trabalho é reconhecido (…) As pessoas chegam aqui conhecem nossos produtos, a forma que a gente trabalha e vai incentivar elas a trabalhar como a gente trabalha”, ressalta, orgulhosa, Marineide Dias.

Outra experiência visitada pelo grupo foi o Entreposto de Ovos da Caatinga, na comunidade Canoa, em Juazeiro, e que também é gerenciado pela Coofama. O Entreposto, que foi inaugurado em 2019,  é o primeiro empreendimento da agricultura familiar certificado pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM) do município. A certificação assegura a higiene e qualidade dos ovos e possibilita a comercialização em redes de supermercados no município.  Essa iniciativa, que conta com o apoio do Projeto Pró-Semiárido, é uma experiência exitosa que deve ser seguida por outras localidades.

O colaborador da Coofama, Gilmar Lima, conta que atualmente, estão faltando ovos para atender à demanda local. Ele destaca a necessidade de mais criadores/as de galinhas de postura, pois a procura está cada dia maior. Uma demanda que, conforme ressalta Gilmar, representa oportunidade de permanência dos/as jovens na comunidade, já que garante renda. “Você vê jovens hoje querendo desenvolver a criação de galinha, porque se ele vai criar galinha, ele não vai precisar sair pra trabalhar fora [na cidade]. Isso eu acho uma grande conquista pra gente”.

Marcos Aurélio Alves, da comunidade Lagoa do Jacaré, destaca que os aprendizados e conhecimentos de outras experiências foram importantes, principalmente, para saber como precificar a produção. “Ensinando a gente como comercializar e dar valor ao nosso produto, o que a gente produz na comunidade. Até então, a gente inventava o preço (…) não sabia se estava ganhando ou perdendo”. Marcos Aurélio, que cria galinhas de postura para comercialização de ovos, diz que agora vai colocar tudo na ponta do lápis para saber se está, de fato, lucrando.

Nesse sentido, a agricultora Maria Neves, da comunidade Caiçara, também enfatiza a formação como enriquecedora, pois foi possível esclarecer dúvidas a respeito da comercialização de hortaliças, por exemplo, para não perder dinheiro ao vender os alimentos abaixo do preço. Dona Maria chama atenção ainda sobre a importância da assessoria técnica para o crescimento das famílias agricultoras e das comunidades rurais “Hoje é muito importante a assessoria técnica na nossa comunidade, porque acompanha a gente, quando a gente tá precisando [esclarecer] uma dúvida, a gente já tem o técnico pra nos orientar. Que as outras comunidades também venham a ter o acompanhamento da assessoria técnica, (…) tem comunidade que não tem e fica mais difícil para orientar e acessar as políticas públicas”.

Assim, a assessoria técnica e extensão rural (Ater) vem contribuindo com o crescimento dos/das agricultores/as familiares, abordando temáticas que dizem respeito ao cotidiano das comunidades rurais. Além de auxiliar e orientar sobre seus direitos, assegurados pelas políticas públicas municipais, estaduais e federais.

Os produtos desses locais visitados ao longo das atividades, e também das famílias agricultoras cooperadas da Coofama, podem ser encontrados no Quiosque da Umbuzada, que foi inaugurado no último sábado (25), às margens da BR 407, no distrito de Massaroca, em Juazeiro.

A oficina é uma ação do projeto Ater Agroecologia, que é executado pelo Irpaa e financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater)

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

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