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Artigo: Dr. Marcos Palmeira pode, de fato, ser a mudança?

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Por Cláudio Silas Viana*

Faltando poucos dias para a posse do novo prefeito de Remanso, perguntas e esperanças permeiam as cabeças de cada cidadão e cidadã, sobretudo, porque este foi lançado como a mudança, esperança, ou mesmo, a liberdade.

No seu discurso de diplomação ocorrido há alguns dias, mais uma vez o tom da esperança foi lançado para todos os cidadãos; afirmou mais uma vez que é a renovação que todos esperam, disse em alto e bom som: LIBERDADE!

Em que pese, tentam colocá-lo como outsider, expressão que ficou bastante difundida nos últimos anos na cena política brasileira para expressar o novo. No meu sentir, essa não é a melhor expressão para se referir a Dr. Marcos Palmeira, pois ele está ligado a política local há muitos anos de forma ativa.

Contudo, ao analisarmos de forma pormenorizada toda sua trajetória e como se deu sua vitória – esmagadora, acachapante – tem ao seu favor grande possibilidade de não apenas fazer uma ótima gestão, mas de se consolidar como uma liderança política. Quiçá a maior liderança política local.

Uma análise política mais profunda mostra que nenhum político chega ao cargo máximo de um município sem amarras e conchavos. Isso faz parte do nosso sistema político. A democracia tem suas nuances e para chegar ao topo da cadeia é necessário ceder e compor, pois não sendo desta forma dificilmente chegará.

Como bem afirmara Aristóteles, fazendo uma definição dos sistemas políticos, a democracia, quando se vicia, degenera em demagogia.

Aqui em Remanso, que não é muito diferente dos outros locais do país, seus habitantes já vivenciaram muitas dessas composições e conchavos políticos; alguns deram certo, outros não.

O atual prefeito, Zé Filho, em que pese o péssimo governo dos últimos quatros anos, teve a expertise no passado e conseguiu, além de governos bons, tornar-se a maior liderança política local. Diga-se, não foi com muito esmero de um gestor comprometido e avançado em termos de gestão pública eficiente, moderna, participativa. Pelo contrário, fez o feijão com arroz; tinha compromisso de pagar em dia todos os funcionários; fez algumas obras de infraestrutura, praças; manteve a máquina girando ao seu arredor. Por fim, manteve seus compromissos políticos, assim, consolidou-se como maior político local. Deu certo!

(É bom destacar que Zé Filho governou Remanso nos seguintes períodos: 1997-2000; 2005-2012 e 2017-2020. Quando falo que seu governo deu certo, estou me referindo ao segundo período. A análise dos outros dois não é objeto deste texto, mas tratei rapidamente deles neste outro (ver aqui).

Quando imiscuímos na realidade política local, em um passado não tão distante, lembramos do prefeito Carlos Castro. Este fez muito e muito pela cidade. Pegou uma cidade sem qualquer infraestrutura mínima. Foi na sua gestão que Remanso começou a ter direcionamento no trânsito (colocando as placas); criou a divisória da avenida; fez a quadra nova; reformou a velha; reformou a biblioteca; reformou o mercado, ampliando sua estrutura; praça do BNH; construiu a orla. Essas são algumas das suas obras que estão vivas em nossa memória. No que tange a segurança pública, Remanso enfrentava as gangs com suas confusões, disseminando violência por onde passavam. Carlos Castro enfrentou, criou de imediato a guarda municipal, os “priquitinhas”; em seguida, trouxe o Pelotão, com mais policiamento, extirpando de vez a onda das gangs, diminuindo drasticamente a violência local. Ainda foi no seu governo que foi instalada a nova Rodoviária.

Ocorre que, Carlos Castro fez tudo isso, ou pelo menos a maioria, nos dois primeiros anos de gestão. Os últimos dois foram péssimos: a história dos salários atrasados começa a partir da sua gestão. Não conseguiu manter de pé seu grupo político. Remanso chegou ao final do seu governo destroçado. Literalmente, foi do céu ao inferno, como diz o ditado popular. Mesmo fazendo tanto, Carlos Castro não conseguiu sair da prefeitura como uma grande liderança política, nem mesmo se consolidar, digo, em termos do executivo, tanto é que seu candidato à sucessão, Dr. Celso, perdeu de forma acachapante. Carlos Castro não deu certo!

Falando do Dr. Celso, este sem dúvidas é um dos mais apaixonados remansenses que já conheci, médico de excelência em todos os sentidos, profissional da mais alta qualidade, ser humano inexplicável.

No ano de 1996, lançou-se candidato tendo como vice o Sr. Everaldo Muniz. Perdeu para Zé Filho e Matilde Rosal. Em seguida, foi vice na chapa encabeçada por Zé Filho no ano de 2000, que perdeu para Renato Rosal e Dr. Maelce. No ano de 2004, apoiou Zé Filho. Com sua vitória, tornou-se secretário da saúde, a partir de 2005, até quando afastou-se para ser candidato a prefeito em 2012. Fez muito como secretário. Todos os PSF são da sua gestão. Inovou em alguns setores, a exemplo do CEO – Centro Odontológico, dentre outros.

No ano de 2012, candidato a prefeito na chapa com Dr. Antônio Moura, sagrou-se vencedor. O mandato começou bem: seu vice, lançado secretário da saúde, demonstra atitudes antes não vistas, “arrumando a casa e olhando para frente”. Contudo, apesar de toda experiência, já não conseguiu guiar seu grupo político. De fato, Dr. Celso, agregou gregos e troianos, muitas concessões e apoios para ser eleito. Pior: era sucessor de um governo em que, além de compor e trazer antigos adversários para seu lado, teve que manter a grande parte do governo passado, bingo! Este foi um caminho sem volta. Esfacelado seu grupo político e sem conseguir anuir com os compromissos, aquele amigo das horas más, médico humanista, tornou-se um defenestrado para população. Mais uma vez os remansenses enfrentavam um governo de atraso dos salários, falta de zeladoria na cidade, um descalabro só. Tamanha desorganização, Dr. Celso, não tentou a reeleição. O pior estava por vir: no final do ano de 2017, Dr. Celso e uma parcela do seu governo foram alvos da operação Carro Fantasma e foram presos, ruindo de vez a sua história política; assim, não conseguiu se consolidar como uma liderança política, muito menos como a maior liderança. Dr. Celso não deu certo!

Diante dessa realidade, trazendo para o novo governo que está por vir e tendo como base a forma com que chegou ao poder, percebe-se que tem o próximo gestor chances de fazer valer o seu slogan: A mudança.

Dr. Marcos Palmeira tem ao seu favor o fato de não estar sucedendo e atraindo para si um grupo que estava no poder há 16 anos, tendo todos os vícios de anos. Além do mais, foi eleito com abnegado voto popular dos mais desfavorecidos (não voto de revolta, são coisas distintas).

Outrossim, vejo que Dr. Marcos Palmeira tem um aliado forte, o povo, não apenas por ter lhe outorgado uma vitória massacrante, acachapante ou estrondosa, mas esse mesmo povo almeja premente a mudança de postura vivenciada nos últimos dias; logo, qualquer inflexão que fizer para combater os vícios existentes, este terá o aval de todos. Desse modo, não há necessidade de juntar gregos e troianos dentro da famigerada prefeitura.

Por outro lado, sabemos que diversos apoiadores que estão com ele desde 2008 esperam ansiosos qual seu cargo será dado, salário, posição social, as ditas benesses que lhe serão conferidas. Mesmo assim, dentro de uma visão simplista, vejo que são poucos que necessitam de tais benefícios, comparando a outros anos e outros compromissos estabelecidos por gestores passados.

O fato é que Dr. Marcos tem na sua mão a faca e à sua frente o prato com queijo, basta cortá-lo e comer. Entretanto, para isso terá que ter traquejo político, ceder quando tiver que ceder, ser pragmático em alguns momentos, agir com coração e sem. Foram estes os ingredientes que todos os políticos na esfera brasileira conseguiram colocar em prática e, assim, se tornaram grandes lideranças políticas.

O que nos resta é aguardar, faltam poucos dias para começar o novo governo. Dr. Marcos Palmeira poderá dar certo? Sim ou não? Aguardemos.

Alvissareiros estamos todos nós.

* Advogado, especialista em Direito Municipal e pós-graduado em Direito Público e Gestão

Pública.

Fonte: aroeiracomunica.com

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