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Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis

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Reflexões e Coisa e Tal

Por Herbet Fabiano*

Neste 29 de janeiro, Dia da Visibilidade Trans, nosso espaço semanal de reflexões não poderia abordar outro assunto que não fosse a dolorosa liderança do Brasil, pelo 14º ano consecutivo, entre os países com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo.

É vergonhoso. É absurdo. É inaceitável.

Os dados do Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) foram divulgados na última quinta-feira (26) e apontam que, em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas no país, enquanto que outras 20 tiraram a própria vida em virtude de discriminação e do preconceito.

Para Bruna Benevides, pesquisadora responsável e secretária de Articulação Política da Antra, fatores como a ausência de ações de enfrentamento da violência contra pessoas LGBTQIAP+, a falta de dados e as subnotificações governamentais contribuem para o quadro e também podem colaborar para um cenário impreciso ao longo dos anos, além de dificultar a identificação de acusados (segundo o levantamento, entre os 131 assassinatos do ano passado, foram identificados 32 suspeitos).

O documento mostra que 61% dos assassinatos ocorreram durante o primeiro semestre de 2022. Em números absolutos, Pernambuco foi o estado que mais registrou assassinatos, com 13 casos, seguido por São Paulo (11), Ceará (11), Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (8) e Amazonas (8).

Analisando o perfil das vítimas no Brasil, verifica-se que é o mesmo dos outros anos: mulheres trans e travestis negras e empobrecidas. A prostituição é a fonte de renda mais frequente. Entre as vítimas, 76% eram negras e 24% brancas. O levantamento traz ainda que mulheres trans e travestis têm até 38 vezes mais chance de serem assassinadas em relação aos homens trans e às pessoas não-binárias. A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos. Quase 90% das vítimas tinham de 15 a 40 anos.

A apresentação oficial do Dossiê foi feita em cerimônia realizada no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e contou com a presença do ministro Silvio Almeida que definiu os dados como sendo uma “tragédia”, ressaltando, porém, que o documento aponta para a oportunidade de mudança da realidade em que vivem atualmente pessoas transexuais e travestis.

“O fato de termos um relatório como esse aponta para possibilidade de pensar superar essa tragédia. Ter o conhecimento, ter os dados, ter a possibilidade de olhar de frente para esse problema, nos traz perspectiva de mudança, de transformação”, disse o ministro.

* Comunicador popular.

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