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Coluna: “A pandemia não acabou: cuide e se cuide”, mas volte às aulas.

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Por Ivânia Freitas*

A pandemia acabou? A resposta é rápida: não acabou. Mas, talvez, tenha acabado a paciência dos “patrões” com o fato de que há um enorme prejuízo financeiro com o fechamento de escolas que, para eles, são fábricas que não podem parar, afinal, elas são responsáveis pelo “produto” que interessa ao mercado, o futuro trabalhador.

O clamor pela volta presencial (ainda que parcial) das escolas também está relacionado com a circulação de renda, uma vez que movimenta o consumo de inúmeros produtos que se ligam à sua rotina de funcionamento (papelaria, alimentação, fardamento, materiais de construção, transporte) e o trabalho direto e indireto de milhares de pessoas (pessoal de limpeza, segurança, transportadores, vendedores de alimentos), entre outros.

Há também o fato de que pais e mães estão com suas atividades de trabalho fora de casa limitadas pela presença dos filhos e de outras pessoas que necessitam de cuidados especiais e isso tem alterado a dinâmica do comércio e das empresas.

De todos os setores, as escolas constituem o núcleo de peso que, na sua totalidade, não voltou ao trabalho presencial. Para dar o caráter de “volta à normalidade” da vida, que tanto clamam os economistas, é preciso que elas retornem de imediato às suas atividades. Por essa razão, talvez, quando o governo de Pernambuco fez o anúncio da volta às atividades presenciais das escolas, prevista para março desse ano, o cartaz ao fundo de sua imagem alertava que “a pandemia não acabou: cuide e se cuide”, mesmo que em seu discurso chamasse os professores e alunos ao retorno presencial gradativo.

Assim também anunciaram o governo do Paraná, Amazonas, São Paulo (este último recuou e deixou o retorno opcional às escolas). Em todos os anúncios, o argumento é o uso de protocolos de segurança, o que causa uma sensação equivocada na população de que tais medidas impedem a transmissão do vírus, embora limite as possibilidades de contaminação (não se sabe o quanto).

Algumas questões nos chamam atenção nesse movimento de pressão pela volta às atividades presenciais:

  1. Há um deslocamento da discussão do debate sobre a obrigatoriedade das instâncias governamentais em garantir a vacinação como sendo o único meio de dar maior segurança aos alunos e profissionais de educação. Vejamos que os pesquisadores têm alertado que, mesmo com a vacina, os protocolos de segurança devem ser seguidos, ou seja, com ela ainda há riscos (embora menores) e sem ela, mesmo com protocolos, os riscos são ainda maiores.
  2. Quanto aos efeitos desse retorno presencial, sempre fica a pergunta: quem se responsabilizará pela contaminação, adoecimento e morte dos que se infectarem nesse retorno?
  3. E as escolas das redes municipais, tão fortemente marcadas pela precariedade da estrutura física e tecnológica, como se adequarão aos protocolos de segurança tão repentinamente e sem recursos? O MEC enviará aos estados e municípios mais recursos para ampliar e adequar às escolas ou mais uma vez, quem tem dinheiro se adequa e quem não tem faz um arremedo? E as escolas das periferias e do campo, historicamente marcadas pelo descaso, como ficam?

Outro elemento que deve nos chamar a atenção é a urgência por implementar o que se chama de “ensino híbrido”. Sobre isso, como há muito o que tratar, deixamos para a nossa próxima conversa, na semana que vem.

Vamos pensando!

 

* Doutora em Educação e Professora da UNEB – Campus VII.

 

Fonte: aroeiracomunica.com

 

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