Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
A 3°oficina do Projeto Cultivando Futuros sobre o consumo alimentar nas comunidades rurais de Remanso-BA foi promovida pelo SASOP no dia 23 de maio, na sede do município. O encontro reuniu agricultores e agricultoras, pescadoras, associações rurais, e parceiros como o IRPAA, a Rede Mulher e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Também participaram daquele momento agricultores e agricultoras beneficiários do projeto P1+2 das comunidades de Pimenteira e Melancia.
O encontro refletiu sobre as mudanças na alimentação das populações do município desde a década de 1990 até os dias atuais, e buscou valorizar a cultura alimentar local, debatendo para isso os desafios e alternativas diante do avanço dos alimentos ultraprocessados nas mesas das famílias agricultoras. Durante a oficina, os participantes se dividiram em grupos para comparar a alimentação de décadas passadas, mais natural, baseada na produção da própria roça e nos saberes locais, com os hábitos alimentares atuais, cada vez mais influenciados pela indústria alimentícia. A atividade revelou uma preocupação comum quase a todos os participantes: o crescente consumo de produtos industrializados e o enfraquecimento da cultura alimentar tradicional.
Para Maria Socorro dos Santos, integrante da Rede Mulher, a diferença entre os tempos é clara. “Nos anos 1990, o alimento era saudável. No geral não tinha ultraprocessados, eram alimentos bons que realmente alimentavam. Hoje, a gente consome muita coisa que não presta, não tem nutrição. Algumas pessoas estão de barriga cheia, mas o corpo não está alimentado”, defende ela.
A oficina também abordou a importância do acesso à terra e à água como pilares para garantir uma alimentação saudável e sustentável nas comunidades. Nesse sentido, os relatos reforçaram como as políticas públicas, como o P1+2, vêm contribuindo para fortalecer a autonomia alimentar das famílias agricultoras.
Além das reflexões coletivas, o momento proporcionou trocas sobre práticas de cultivo e experiências de autoconsumo, como conta Beronice Silva, representante da Articulação sindical. “Hoje, parte do meu alimento vem da roça: carne de bode, ovelha, feijão, abóbora, melancia. Produzir o que a gente consome é economizar dinheiro e ter um alimento saudável. A juventude precisa conhecer essa comida de verdade que vem do quintal e alimenta de verdade, sem veneno, sem agrotóxico”, propõe.
O Cultivando Futuros é uma realização da AS-PTA, Pão para o Mundo (Brot für die Welt) e da Rede ATER Nordeste de Agroecologia, com financiamento do Ministério Federal da Alimentação e da Agricultura da Alemanha (BMEL). Por meio da Rede ATER, o projeto está sendo implementado nos estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.