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Após participarem do 13ª Congresso Brasileiro de Agroecologia, que aconteceu em Juazeiro, os quilombolas Marcelo da Paz Rocha e Catarina de Fátima de Mesquita, não conseguiram embarcar de volta para o Rio de Janeiro, em um voo da Latam, no aeroporto Senador Nilo Coelho, em Petrolina. Segundo relato de Marcelo, a empresa teria vendido um número de passagens superior ao número de assentos disponíveis na aeronave.
Ainda de acordo com ele, após um período de caos e violações, outras pessoas brancas presentes no aeroporto foram realocadas em outros voos, enquanto os dois quilombolas foram informados de que não poderiam embarcar devido à suposta irregularidade no documento de Catarina. No entanto, o mesmo documento foi utilizado posteriormente para emitir novas passagens para eles, com embarque previsto para dois dias depois, alegou Marcelo.
Marcelo afirma que Catarina, uma pessoa idosa, chegou a passar mal durante o ocorrido e que a situação expôs os dois a constrangimento. Ele destacou que a empresa questionou a autenticidade do documento de Catarina, alegando que a foto não correspondia à sua aparência atual.
“Nós fomos impossibilitados de viajar porque, segundo a empresa, o documento da minha amiga estava vencido, mas o que a gente percebeu foi que tinham outras pessoas brancas no aeroporto aguardando a deliberação da empresa para poder realocá-las. O que a gente foi percebendo ao longo desse período todo, que foi um caos, onde aconteceram diversas violações, foi que todas essas pessoas foram realocadas nos voos e a justificativa que a empresa nos deu, de forma muito grosseira, e ainda expondo a minha amiga ao ridículo, porque teve um momento que a atendente pegou o documento dela e levantou e dizendo que aquela identidade poderia não ser dela, pois a foto estava diferente de seu rosto atual. Outro funcionário pegou essa mesma identidade e emitiu uma nova passagem para a gente daqui a dois dias. Ou seja, o mesmo documento que não foi permitido passar pelo check-in, foi utilizado para emitir uma nova passagem para dois dias após. Minha amiga passou mal e quem deu todo o suporte para ela foi eu e alguns outros passageiros que estavam no aeroporto e presenciaram todo o desrespeito que aconteceu com duas pessoas pretas”, contou Marcelo.
“Estamos buscando o nosso direito, o apoio da sociedade, buscando o apoio dos nossos parceiros, porque o que nos parece é que pessoas pretas, quilombolas, povos de comunidades tradicionais, de terreiro, não têm direitos, não têm obrigações. Eu mesmo sou uma pessoa que faço um mestrado em patrimônio cultural e teria que dar aula no Rio de Janeiro. Amanhã essa minha aula vai ser cancelada. Tivemos que cancelar os nossos compromissos porque temos que aguardar mais dois dias por conta desse remanejamento que a Latam fez de forma desrespeitosa com duas pessoas pretas de comunidades tradicionais quilombolas”, finalizou.
O caso foi Registrado na Delegacia de Polícia Local.
Marcelo da Paz Rocha é do Quilombo do Breal e Catarina de Fátima, faz parte do
Quilombo Cafunda Astrogilda.
Redação PNB