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O pátio da Feira Agroecológica, em Juazeiro (BA), foi o palco da celebração de encerramento do Projeto EmpoderA+: Voz e Poder, na última sexta-feira (8). O evento reuniu as participantes dos núcleos de Alto da Aliança, Quidé e Massaroca, além de representantes da Rede Mulher dos municípios de Sento Sé e Curaçá, e de entidades parceiras.
O projeto, que buscou fortalecer o empoderamento feminino no Sertão do São Francisco, foi uma parceria entre a Rede Mulher e o Irpaa, com apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres. A iniciativa, que envolveu cerca de 60 mulheres, foi financiada por uma emenda parlamentar da deputada estadual licenciada Neusa Cadore, a partir de uma solicitação do Coletivo Enxame.
Durante o projeto, foram oferecidas formações com temáticas como participação política, liderança comunitária, autonomia econômica, enfrentamento à violência, saúde mental e comunicação para a transformação social. As atividades foram conduzidas com foco em escuta ativa e metodologias que valorizam a vivência e o saber das mulheres.
Ao longo dos meses de atividades, as formações possibilitaram que as participantes reconhecessem seus direitos, aumentassem sua autoestima e fossem estimuladas a ocupar espaços de fala e decisão com mais segurança e consciência de seu papel nas comunidades. O projeto contribuiu diretamente para a desnaturalização das violências cotidianas, muitas vezes invisibilizadas, e para o fortalecimento das redes de apoio entre as mulheres.
“É a confirmação da capacidade da rede em executar iniciativas que melhoram a vida das mulheres”
Gizeli Maria de Oliveira, coordenadora territorial da Rede Mulher, destacou que o encerramento vai muito além de um ponto final. “É a confirmação da capacidade da rede em executar iniciativas que melhoram a vida das mulheres, tanto da zona rural quanto urbana. É uma alegria concluir esse trabalho e já pensar em expandi-lo para outros municípios. As participantes trouxeram demandas e reforçaram a importância de levar essa formação para outras comunidades”, afirmou.
O impacto do projeto foi evidente nos depoimentos. Maria Xavier, do núcleo do Alto da Aliança, revelou que antes das formações não identificava muitos tipos de violência. “A gente achava que certas coisas eram normais”, disse. Ela explicou que agora aprendeu a reconhecer violências verbais, patrimoniais e psicológicas. “É por isso que eu quero dizer, precisa de mais projetos como esse. Quero que vocês continuem indo para outras comunidades ou para a nossa mesmo”, reforçou.
Já Maria Nascimento, também do Alto da Aliança, resumiu a experiência como: “estou sentindo empoderada porque me deixou muito feliz e muito mais informada sobre os direitos que nós mulheres temos”.
De Massaroca, Edineide da Silva reforçou a importância do conhecimento adquirido. “Agora sei identificar palavras e atitudes que nos atingem psicologicamente. Esse projeto precisa continuar, porque muitas mulheres ainda precisam ter acesso a esse conhecimento”, destacou.
Visitas de intercâmbio a instituições públicas
Além das atividades previstas inicialmente, o projeto incorporou uma importante ação a partir das necessidades apontadas pelas próprias participantes: visitas de intercâmbio a instituições públicas que atuam na proteção e acolhimento de mulheres em situação de violência em Juazeiro, como a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), o Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM) e a Casa da Mulher Rural.
Essa aproximação foi fundamental para romper barreiras simbólicas e percepções negativas sobre o serviço público. Para as participantes, estar nesses locais e dialogar com os profissionais que atuam na defesa das mulheres foi crucial para entender que esses espaços existem para acolher, proteger e orientar, não para julgar.
Para Nívea Solange, coordenadora Administrativa do Irpaa, o momento de encerramento mostra a efetividade do trabalho: “Esses processos permitem que as mulheres sejam donas das próprias histórias. Como diz a frase indígena: ‘Nada para nós sem nós’. Que nossas vozes ecoem cada vez mais”, afirmou.
A secretária de Mulheres e Juventude, Érica Daiane Costa, destacou o papel estratégico do EmpoderA+. “São verdadeiros laboratórios que confirmam a necessidade de investir em políticas para mulheres, especialmente nesse contexto do enfrentamento à violência”, disse. Ela enfatizou que o projeto formou lideranças comunitárias e, sobretudo, mulheres que não tinham conhecimento sobre o tema. “A articulação entre município, estado e sociedade civil fortalece a igualdade de gênero e garante que as informações cheguem a quem mais precisa”, concluiu.
O encerramento foi marcado por música, samba, troca de experiências e o fortalecimento de laços entre os territórios, com a esperança de ampliar o projeto para outras comunidades e municípios.